quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ontem fui num almoço com o pessoal do trabalho. Primeiramente, quero ressaltar que foi maravilhoso em todos os sentidos: da comida as  incríveis companhias. Mas entre um assunto e outro, uma coisa me intrigou.

Convivo com pessoas de pensamento totalmente burguês. Entre várias conversas na mesa, chegou a pauta a greve dos metalúrgicos. Falamos o quanto as exigências dos trabalhadores são abusivas, o quanto o sindicato dos metalúrgicos é forte e o porquê dele ser tão forte. (Lembram do nosso ex-presidente Lula? Então, ele que fundou a força sindical metalúrgica. Isso explica a força). Não me lembro até que ponto chegamos no assunto, mas no meio da conversa, uma das minhas ilustres colegas de trabalho contou que esses dias passando pela  praça 29 de março, tinha um protesto dos nossos amigos sem-terra, e que sua vontade era passar com o carro em cima de todo mundo, gritando: vão trabalhar, vagabundos!

Na hora, não concordei com o que ouvi, mas todos concordaram ou consentiram, não quis polemizar a mesa com a minha opinião contrária, acho isso uma falta de cordialidade e totalmente desnecessário. Porém, passei uns 15 minutos pensando sobre a situação e duas coisas me vieram a cabeça: admiro as pessoas que fazem uso da liberdade do nosso regime democrático e pessoas com ideias (sem acento mesmo, pessoas!) radicais descem no meu conceito.

Não quero entrar no motivo pelo qual o movimento sem-terra luta. Quero abordar somente o direito constitucional que todos temos de lutar pelos nossos ideais, sejam eles quais forem, e expressar nossa opinião. Direito este que foi conquistado com muitas mortes e torturas de um povo que não se conformava com um regime totalitário e ditatorial. Na época, todos tinham consciência de que isto poderia custar suas vidas, mas lutaram por aquilo que acreditavam ser o correto e por um país melhor para as gerações futuras. Herdamos nossa liberdade de expressão deles e o que estamos fazendo dela?

Eu confesso que não estou fazendo nada, só reclamando. Meu trabalho é ver todos os dias um sistema tributário abusivo e que não funciona como deveria funcionar, mas não faço nada pra mudá-lo. Pois bem, além de não fazer nada vou criticar aqueles que fazem? Certos ou errados, eles estão na rua gritando por aquilo que acreditam. Ou estão em programas de TV, como o CQC, mostrando a sujeira que nossos lideres políticos compactuam com o nosso consentimento, se mostram de forma correta, não sei, mas estão fazendo algo que não faço.

É por isso que não consigo aceitar pessoas tão radicais ao expressar seus pontos de vista, não sei se estou sendo radical agora, na verdade estou tentando narrar a realidade que vivo e aproveito para pedir a você, que está lendo, que, por favor, se não faz nada pra melhorar o país que vivemos, se só faz uso da nossa democracia na hora de votar, não critique! Deixe as pessoas usarem nosso direito constitucional conquistado com muita luta daqueles que não se conformaram e foram para as ruas manifestar suas opiniões.

Bem, pra não terminar só nas minhas palavras, quero compartilhar o art. 5° da CF/1988, até o inciso VIII, ele é a coisa mais linda do mundo, sou apaixonadíssima por ele, seria perfeito se funcionasse.



"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:


I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;


II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;


III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;


IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;


VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;


VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;


VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
(...)"

Um comentário:

@cinemandy disse...

muito bom seu texto e análise leilona. veja o q pensei, admiramos os q protestam, mas não gostamos dos radicais, na verdade se vc não é um radical jamais será capaz de protestas, estes que estão lá lutando tem tanta convicção da ideologia q são capazes de ir a rua e enfrentar o mundo. concluí que radicalismo se faz necessário as vezes, usado com moderação. defender seu lado é muito importante, mas respeitar a opinião do próximo é mais ainda. =*