terça-feira, 23 de novembro de 2010

"(...)
Há sempre um copo de mar
Para um homem navegar.
(...)"
Jorge de Lima

Deparei-me com esses versos em duas circunstâncias interessantes. Um dos temas da Bienal de Artes de SP deste ano, a poesia modernista de Jorge de Lima é subliminar. Nas duas, a mensagem que tirei foi diferente, mas quero falar da última.

Estava na recepção de um escritório em Curitiba, aguardando por uma entrevista que sonho a muito tempo. Nisso, ví o catálogo da Bienal e comecei folheá-lo, foi aí que lí pela segunda vez os versos acima. Depois de um feriado tenso e "traumático", os versos me trouxeram uma renovação e a percepção de que meu "copo de mar" é a novidade de vida, grandes coisas, e coisas maravilhosas, estão pra acontecer.

Desde então, isso vem se concretizando. A vida está sorrindo pra mim de várias formas e eu, como não gosto de perder tempo, não vou deixar de correspondê-la: vou sorrir também! Ela não está exigindo nenhum esforço, apenas está colocando as coisas no meu caminho, fazendo seu papel e eu vou fazer o meu também: não vou deixar passar nada de bom e maravilhoso que ela coloque no meu caminho. Não posso deixar que meus traumas me ceguem diante de tantas possibilidades que existem num universo gigantesco.

Sendo assim, só posso navegar... Pode ser que ocorram tempestades, mas não tenho medo. Eu nunca tenho medo!

domingo, 21 de novembro de 2010

Minha melhor amiga do sexo femenino é a Amanda (fora a Lilian e a Leli, que são minhas irmãs). Não é por acaso que ela está nesse posto a alguns anos, passamos diversas fases juntas, acompanhamos as evoluções e os tombos que a vida nos proporcionou. Sendo assim, chega um ponto que pensamos que conhecemos tanto as pessoas, que é impossível sermos surpreendidos por elas.

Engano grotesco!

Mandy (como chamamos carinhosamente a Amanda) e eu estávamos num bar no Largo, num papo cabeça sobre meus vários relacionamentos amorosos fracassados, o quanto a culpa é minha por dedicar-me demais ao parceiro e blá, blá, blá, quando, de repente, ela fala: Leila, você está se prendendo demais a alguém como se fosse o único homem na face da terra. Existem dois milhões de homens disponíveis. Você merece alguém lindo, forte, inteligente, que esteja disposto a fazer tanto quanto você faz pelas pessoas.

É lógico que duvidei: aonde estão esses homens, Amanda? (chamei-a de "Amanda" porque o assunto era sério). Foi aí que Mandy me surpreendeu! Ela tirou uma revista GLOSS de dentro da sua bolsa e me mostrou uma pesquisa que revela que há quase dois milhões a mais de homens disponíveis em comparação com mulheres no mesmo estado no universo.

Na hora, duas coisas me vieram a cabeça: a credibilidade da pesquisa e desde quando minha amiga nerd/headbanger estava lendo GLOSS, aquela revista de mulherzinha fútil.

Com relação a credibilidade da pesquisa, Mandy, com toda eloquência que uma publicitária deve ter, convenceu-me que aquilo não era empírico e que era totalmente científico, podendo acreditar sem problema algum.

Agora, com relação Mandy ler revista de mulherzinha, pois é! Então, ela tem todas, eu disse TODAS edições de GLOSS, ou seja, ela lê essa revista de mulherzinha desde sua primeira edição. Ela podia estar lendo Rolling Stones, Roadie Crew, Valhalla, mangás, histórias em quadrinhos, Caros Amigos, Brasil de Fato, O Senhor dos Anéis pela milésima vez, mas não... Minha melhor amiga lê GLOSS e eu não sabia!

domingo, 7 de novembro de 2010

Ultimamente tenho pensado muito na vida. A falta de coisas concretas pra fazer acaba deixando tempo livre pra pensar, nem sempre isso é bom, mas tenho tentado aproveitar de forma positiva.

Sou uma roteirista/diretora da minha própria vida, onde nela estão presentes protagonistas, muitos potagonistas, coadjuvantes, participações especiais e figurantes.

As vezes acredito estar na direção de um filme que nunca consigo terminar, revejo todo o roteiro, começo outra vez e novamente não há final. Isso me leva a constatar que de fato tenho sérios problemas com finais, sendo felizes ou não, são finais, não gosto de nada que termine...

Não gosto da sensação de estar num Stand Up, onde as pessoas esperam que eu as divirta ou as cure, de alguma forma, de suas tristezas, quando eu já tenho as minhas que disfarço com risos e brincadeiras tolas. Confesso que me coloco em situações que dariam histórias pra algumas horas de Stand Up. Conviver comigo pode ser uma coisa engraçada se você tiver senso de humor e paciência.

A sensação de que estou num teatro também não é boa. Saber que tem pessoas assistindo o que estou fazendo e não saber se aplaudirão no final é aterrorizante.

Mas minha vida poderia se enquadrar muito bem numa novela. Tudo parece tão clichê. Igual a tudo que já vivi, apenas ocorre uma mudança de cenários e atores. Os atores que troco tem as mesmas características, mudam na aparência e exijo uma qualidade a mais do antigo ocupante do papel. Os atores que permanecem ficam pra testemunhar que nada mudou. Porém, não abro mão deles, esses sim fazem tudo valer a pena.

Como eu gostaria de regravar cenas que sempre assisto na memória. Infelizmente isso não é possível. A parte maravilhosa é que meus atores estão aqui pra fazermos novas cenas, melhores que as anteriores, porque apesar de clichê, tornamo-nos melhores naquilo que fazemos repetidas vezes.

É isso. Estou aprimorando a minha forma de direção e criação de roteiro. Não importa que precise de repetição, na hora certa escreverei a história perfeita e não quero pensar em final.