sábado, 1 de outubro de 2011

Usar transporte aéreo é uma coisa complicada, pelo menos pra mim. Sempre sinto aquele friozinho na barriga no pré-embarque e tenho a sensação de que talvez voar vai ser a última coisa que vou fazer na vida. Nesse sentido, sempre mando mensagens pros meus pais dizendo o quanto os amo. Seria ruim morrer sem ter dito isso a eles. O vôo de 23/09, além das declarações de amor, fez-me pedir perdão de todos os pecados que ainda me lembrava, foi a pior experiência de todas.

Começou pelo tempo fechado em Curitiba e por ter escolhido uma companhia aérea não muito prestigiada, que tem fama de aviões turbulentos. Eu já estava em pânico e ninguém colaborava pra amenizar isto, ao contrário, era todo mundo falando: você vai voar de TRIP? Nossa, aqueles aviões sambam em qualquer nuvenzinha. Eu olhava pro céu e via que o que mais tinha eram nuvens, logo, seria um carnaval até chegar em Campinas.

Foi a 1h mais sofrida e agoniante de toda a minha vida. A decolagem já não foi muito suave, aquele avião baixinho que até eu com meus 158cm consegui bater a cabeça no teto do corredor, parecia não ter turbinas suficientes para a decolagem, tampouco pro resto. Enfim no ar, aquilo chacoalhava tanto que por algum momento pensei que estava de ônibus na BR 116, falando pra mim mesma: que coisa que nunca arrumam essa pista horrorosa. Até que olhava ao lado e me lembrava que estava num avião e dava aquele frio na barriga assustador.

Nesse tempo, no meio de uma turbulência mais forte, as aeromoças interromperam o serviço de bordo, sentaram-se, colocaram o cinto e pediram pra que todos verificassem se os cintos estavam devidamente colocados e ajustados, disseram que, em caso de emergência, máscaras de oxigênios cairiam sobre nossas cabeças, e também que as poltronas eram flutuantes. 


Aí pensei: de que me salvaria um cinto de segurança, uma máscara de oxigênio e uma poltrona flutuante em caso de uma queda de avião? Todas essas medidas de seguranças são inúteis. Em vez de investir em tudo isso, eles podiam contratar padres, pastores, rabinos e outros representantes religiosos pra preparar nossa alma pra encontro de Deus, não há o que fazer. Ou por caso, você, meu caro leitor, conhece alguém ou alguma história de gente que sobreviveu a algum desastre envolvendo aviões por causa da eficiência de um cinto de segurança?

Esses pensamentos pessimistas só fez piorar a situação, a pior coisa era quando sentia que aquela "jabiraca" não chacoalhava só de um lado pro outro, mas também de cima pra baixo, o que era muito pior e me deu até ânsia.

Tentei manter a calma e transparecer que aquilo era normal, que estava totalmente acostumada. A pessoa do meu lado acho que fazia o mesmo. Quando a porcaria daquela aeronave pousou toda "troncha", depois de várias acrobacias que o piloto fez no ar (cheguei a quase pensar que era a esquadrilha da fumaça), cheguei a quase ter a sensação de que poderia estar a salvo, mas daí me lembrei do acidente em Congonhas com o avião da TAM e fiquei mais em pânico do que nunca.

Finalmente me acalmei quando peguei a minha mala, sempre tenho medo que a extraviem e a mande lá pro nordeste, e abracei minha irmã que me esperava toda alegre no aeroporto. Nesse momento, segurando minha mala, dei por conta de que não morrera e aquilo foi só uma experiência bem ruim pra aprender a nunca mais viajar com a TRIP ou qualquer outra operadora de vôo (sim, com acento, detesto as novas normas ortográficas) cujos aviões sejam minúsculos.

Na volta, apesar do vôo super tranquilo, aprendi mais uma coisa pra evitar sustos e semi-gritinhos: não sentar na poltrona que fica em cima do trem de pouso. Quando o trem de pouso é acionado para o pouso, aquilo faz um barulho que quase aconteceu um acidente biológico com o susto, a primeira coisa que me veio a cabeça foi de um buraco se abrindo debaixo de mim e que em vez de máscaras de oxigênio seria mais útil um para-quedas que pode se transformar num bote flutuante.

Espera aí! É isso que os aviões precisam, para-quedas que podem se transformar em botes flutuantes e em vez de fone na hora do embarque, as aeromoças podiam entregar roupas térmicas pra que em caso emergenciais, não morrêssemos congelados devido a temperatura de altitude. Não sei se isso é fisicamente possível, mas faz mais sentido que poltronas flutuantes, máscaras de oxigênio e cinto de segurança.